A banalização do Coaching
Coaching, o risco da banalização
Fonte: http://www.conparh.com.br/noticia.php?id=12Confira aqui um bate-papo sobre o tema com Rosa Krauzs uma das maiores especialistas brasileiras no assunto.
Qual a importância de participar em um talk show com mais dois coaches sobre um tema tão atual no cenário de RH?
Rosa Krauzs - Entendo que a possibilidade de entrar em contato com pontos de vista, visões, conceitos, especialidades e práticas diferentes de Coaching são da maior importância tanto para quem é apresentador quanto para quem participa deste evento. Infelizmente, o termo Coaching tem sido utilizado de forma indiscriminada para denominar uma série de práticas cujo objetivo, metodologia e processo nada tem a ver com esta atividade profissional, causando uma certa confusão tanto entre aqueles que buscam contratar serviços, quanto entre os que buscam um preparo adequado para ingressar nesta atividade profissional. Considerando que se trata de um Congresso de Recursos Humanos que reúne profissionais da área, um debate desta natureza contribuirá para disseminar informações que propiciem uma visão clara do que é Coaching Executivo e Empresarial, quais as diferenças entre esta especialidade e as outras formas de Coaching e, acima de tudo, municiar os que atuam em RH de dados fidedignos sobre modalidades de coaching, processos de certificação, conteúdos, duração, entidades do ramo, etc.
Como a senhora vê o cenário da atividade de coaching no Brasil e no mundo?
Rosa Krauzs - O cenário tende a ser caótico. Nos últimos anos tenho colecionado os folhetos que recebo via e-mail e considero a situação preocupante, pois são oferecidos programas sobre coaching com os mais diversos objetivos e para os mais variados públicos que vão desde mulheres grávidas até pessoas que queiram combinar um programa de coaching no exterior com uma visita a Disneyworld, passando por outros que até garantem clientes e ganhos atraentes. E talvez, mais grave ainda, não se faz nenhum tipo de seleção de participantes. Basta pagar e fazer o tal treinamento cuja duração apresenta variações de 4 horas a 5 dias, conforme o caso.
Qual seria então a definição mais aproximada do real?
Rosa Krauzs - Coaching, em geral, e Coaching Executivo e Empresarial são atividades profissionais que envolvem responsabilidade e respeito ao cliente. É um processo não diretivo que se distingue de treinamento, de aconselhamento, de mentoria, de consultoria e de psicoterapia. Envolve não apenas conhecimentos e experiência, mas também equilíbrio interno, sensibilidade e princípios éticos. No entanto, muitos destes treinamentos fornecem ferramentas e receitas como se as pessoas fossem robôs que reagem de maneira esteriotipada às eventuais intervenções. Este é, lamentavelmente, um fenômeno observado em várias partes do mundo, mas o nível de banalização que observamos no Brasil tende a ser preocupante, pela propaganda enganosa que é veiculada via web como, por exemplo, a da tão propagada certificação internacional.
Qual seria então a definição mais aproximada do real?
Rosa Krauzs - Coaching, em geral, e Coaching Executivo e Empresarial são atividades profissionais que envolvem responsabilidade e respeito ao cliente. É um processo não diretivo que se distingue de treinamento, de aconselhamento, de mentoria, de consultoria e de psicoterapia. Envolve não apenas conhecimentos e experiência, mas também equilíbrio interno, sensibilidade e princípios éticos. No entanto, muitos destes treinamentos fornecem ferramentas e receitas como se as pessoas fossem robôs que reagem de maneira esteriotipada às eventuais intervenções. Este é, lamentavelmente, um fenômeno observado em várias partes do mundo, mas o nível de banalização que observamos no Brasil tende a ser preocupante, pela propaganda enganosa que é veiculada via web como, por exemplo, a da tão propagada certificação internacional.
De fato, hoje nos deparamos com formações de coaching diversas, alguma inclusive internacionais, qual ao cuidado que temos que tomar com essas formações?
Rosa Krauzs - Lembro que não existe nenhuma entidade oficial, mundialmente reconhecida, que cuide deste reconhecimento. O que existe, sim, é o processo de auto-certificação por entidades que reconhecem seus próprios processos de certificação. Existem, porém, algumas entidades sem fim lucrativos que oferecem e reconhecem processos de formação confiáveis e cujo posicionamento ético e responsável acaba sendo reconhecido e não em função da propaganda, mas pela qualidade dos profissionais que forma. Algumas delas, como é o caso da ABRACEM – Associação Brasileira de Coaching Executivo e Empresarial – forma profissionais na área de Coaching Executivo e Empresarial e tem se tornado referência no mercado. A tendência que se observa hoje é a da seleção natural, isto é, sobreviverão as entidades que realmente comprovarem sua aptidão para atender as necessidades emergentes de um cenário turbulento e imprevisível através da formação de profissionais competentes. Tal afirmação é válida principalmente para o mundo empresarial que demanda alternativas estratégicas e proativas para a aprendizagem e desenvolvimento contínuos dos que ocupam posições de liderança nos seus quadros. Como podemos constatar, estamos diante de resultados que só poderão ser alcançados através da excelência dos processos de Coaching e da competência profissional e ética de quem atua nesta área.
Como é sua experiência no Brasil, ao longo dos anos, já que é uma das primeiras coaches no país.
Rosa Krauzs - Bem, o mais surpreendente foi a rapidez com que este termo “Coaching” foi adotado por pessoas que, na verdade, jamais atuaram nesta área ou em áreas afins. Tal rapidez teve algumas consequências na área de Coaching Executivo e Empresarial entre as quais destacamos:
a) dificuldade de localizar profissionais competentes e confiáveis pelos potenciais consumidores deste serviço em virtude do desconhecimento sobre o que é coaching e o que é Coaching Executivo e Empresarial, para que serve, que resultados esperar, qual a metodologia, etc;
b) O crescimento exponencial de vendedores de treinamento para coaches de todos os tipos através gerando a criação de expectativas distorcidas e irrealistas em relação aos possíveis resultados deste tipo de intervenção. Hoje, embora alguns aspectos acima descritos ainda perdurem em relação ao coaching em geral, no ambiente empresarial começam a aparecer sinais de amadurecimento, ou seja, as empresas têm se mostrado mais criteriosas e mais exigentes na contratação de serviços de Coaching Executivo e Empresarial para seus executivos e também investem em Formação de coaches internos para os níveis de supervisão/coordenação. Estamos passando por um período de transição, utilizando alguns critérios para selecionar profissionais a serem contratados, bem como para fazer o acompanhamento dos resultados. Embora o caminho seja longo, parece-me que ingressamos numa nova fase que certamente beneficiará as organizações, os Coaches competentes e éticos, as entidades que oferecem treinamento conscientes de suas responsabilidades , bem como os resultados desta intervenção.
a) dificuldade de localizar profissionais competentes e confiáveis pelos potenciais consumidores deste serviço em virtude do desconhecimento sobre o que é coaching e o que é Coaching Executivo e Empresarial, para que serve, que resultados esperar, qual a metodologia, etc;
b) O crescimento exponencial de vendedores de treinamento para coaches de todos os tipos através gerando a criação de expectativas distorcidas e irrealistas em relação aos possíveis resultados deste tipo de intervenção. Hoje, embora alguns aspectos acima descritos ainda perdurem em relação ao coaching em geral, no ambiente empresarial começam a aparecer sinais de amadurecimento, ou seja, as empresas têm se mostrado mais criteriosas e mais exigentes na contratação de serviços de Coaching Executivo e Empresarial para seus executivos e também investem em Formação de coaches internos para os níveis de supervisão/coordenação. Estamos passando por um período de transição, utilizando alguns critérios para selecionar profissionais a serem contratados, bem como para fazer o acompanhamento dos resultados. Embora o caminho seja longo, parece-me que ingressamos numa nova fase que certamente beneficiará as organizações, os Coaches competentes e éticos, as entidades que oferecem treinamento conscientes de suas responsabilidades , bem como os resultados desta intervenção.
Quem é Rosa Krauzs? | |
Bacharel e Licenciada em Ciências Sociais – USP, é mestre em Antropologia – USP e doutora em Saúde Pública – USP. Rosa Krauzs é fundadora e primeira Presidente da Associação Brasileira de Coaches Executivos e Empresariais ABRACEM e membro da World wide Association of Business Coaches (WABC). Autora de mais de 40 artigos sobre suas especialidades publicados no Brasil, USA, França, Alemanha, Itália, Holanda, e também de vários livros. Conferencista convidada em Congressos nacionais e iternacionais, dedica-se à Formação de Coaches Executivos e Empresariais, em várias cidades brasileiras |
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