Como me tornei louco

"Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim:
 
Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas - as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas - e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente, gritando:
- "Ladrões, ladrões, malditos ladrões!"Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim. E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou:
- "Êh um louco!".
Olhei para cima, para vê-lo. O sol beijou pela primeira vez minha face nua. Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras. E, como num transe, gritei:
- "Benditos, benditos ladrões que roubaram minhas máscaras!"
Assim me tornei louco. E encontrei tanto liberdade como segurança na minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós." Gibran K. Gibran

Comentários

katharina disse…
caro Hilário, vc não poderia ter feito escolha melhor de autor, postar texto de Gibran é magnífico. Gosto tanto dele que até sei que nasceu num dia mágico, 6/12, como eu!!
Como na letra da música:
"Dizem que sou louco por eu ser assim, mas louco é quem me diz que não é feliz...eu sou feliz"

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